quarta-feira, 8 de abril de 2009

Reportagem nas Ruínas Romanas do Alto da Cividade

Portas abertas insuficientes para atrair visitantes

O relógio marca quatro da tarde. O vento faz das suas e vai dando vida e barulho a um dos monumentos mais emblemáticos de Braga: as Ruínas Romanas do Alto da Cividade. O tempo não pára. O sol de fim de tarde, abafado pelo frio e pelo vento, é de pouca-dura. Mas o calor lá se fica como uma roupa invisível que dá vontade de tirar. Da plataforma mais alta da colina do mesmo nome, contempla-se uma bela vista de uma boa parte da cidade.

É sábado, dia de descanso para muitos. Não obstante ao facto de ser também Dia Internacional dos Centros Históricos, o período de uma hora foi suficiente para perceber que, apesar de as entradas serem gratuitas, as Ruínas Romanas do Alto da Cividade não foram muito visitadas. A funcionária de recepção, antes do fim do espediente, diz ser "impossível" revelar os números de visitantes do dia.

Quando parecia que ninguém se lembrava deste monumento, pelo menos durante uma hora, eis que aparecem, serenos e tranquilos, os primeiros visitantes do período: um casal de namorados que veio de Vigo para passar um fim-de-semana em Braga. "Estávamos a passear e entrámos só para ver", dizem em coro. São os únicos visitantes em uma hora. As Ruínas Romanas do Alto da Cividade são as únicas na Península Ibérica. Um facto que coloca a cidade de Braga ao mais alto nível europeu em termos de arquitectura romana.


Por "curiosidade", dois minutos foram suficientes para darem uma volta completa às passadeiras de madeira e aos pilares de metal pintados a vermelho. Sempre com os olhos postos nos vestígios romanos, que os investigadores consideram ser uma descoberta "extraordinária". É o segundo teatro a ser escavado no país. O outro situa-se em Lisboa. É também um dos bons exemplos, em Braga, da coexistência entre a construção e a preservação do património. Uma dicotomia que tem gerado muita polémica numa das cidades mais romanas do país.

Já de saída, a pergunta que se impõe: sabem onde entraram e de onde estão a sair? A resposta sai pronta: "não". Mesmo assim, não parecem muito entusiasmados com a visita. Nem o facto de ser o único monumento do tipo na Península Ibérica os fez captar uma imagem para mais tarde recordar. Saíram como tinham entrado: calmos e serenos.


Reconhece-se a importância das ruínas, por isso possuem uma área especial de protecção e vedação e um circuito de vigilância interna. Não é arriscado dizer que estão seguras e bem protegidas. Neste sentido, o vice-presidente da Câmara Municipal de Braga, Nuno Alpoim, diz que "deve-se preservar e impedir a destruição do património, criando condições para que as gerações futuras possam viver com comodidade e qualidade". Mas, para isso, diz que todos nós temos o "direito de preservar e criar património".

Descobertas em 1999, actualmente classificados como Monumento Nacional, as Ruínas da Cividade encontram-se musealizadas e abertas ao público. Por hoje, as portas encontravam-se abertas, mas não foram suficientes para atrair visitantes.


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