sábado, 16 de maio de 2009

Vestígios arqueológicos encontrados na obra do prolongamento do túnel da Av. da Liberdade

As obras do prolongamento do túnel da Av. da Liberdade, em curso desde o final de 2008 e que devem estar concluídas antes do termo de 2009, trouxeram à luz do dia mais vestígios arqueológicos. As sondagens e escavações concretizadas pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) identificaram as ruínas de um edifico romano de grandes dimensões. Foi também referenciada a antiga “Rua da Água”, datada entre os séculos XVII e XIX (ver vídeo).

Os responsáveis da UAUM asseguram que a conservação ’in situ’ dos vestígios foi a melhor solução para a preservação e futuro estudo do achado. A descoberta não foi afectada pela ampliação do túnel e, de forma articulada com o empreiteiro para que fosse possível a preservação, o projecto teve de ser alterado, como deu conta a UAUM num relatório público.

A primeira avaliação arqueológica permitiu confirmar a importância científica do edifício, que evidencia restos de uma construção fora dos limites do perímetro urbano romano.

Para Luís Fontes, arqueólogo responsável pelas escavações, citado pelo Correio do Minho , a descoberta “foi uma surpresa” que obriga a dar mais atenção à sensibilidade arqueológica da periferia da cidade.

As obras que impliquem intervenções no subsolo, na cidade de Braga, estão condicionadas a sondagens arqueológicas prévias. As que estão em curso na Av. da Liberdade, para além da aprovação prévia pelo Tribunal de Contas, tiveram de ter o visto do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico .

Uma situação que vai ao encontro do que escreveu, já em 2004, Sande Lemos, antigo presidente da UAUM e ex-director-regional do extinto IPPC: “Por todos os motivos, incluindo o financeiro, o subsolo, seja na vertente patrimonial, seja geológica, seja hidrológica, deve ser encarado como um bem precioso a gerir com cuidado, de forma científica, com base em estudos prévios” (texto integral disponível aqui).

Transtornos e mais transtornos
Percorremos a zona das obras algumas vezes e registámos a evolução dos trabalhos em alturas diferentes. Entre Março e Maio, já foi aberta a parte inicial da Av. da Liberdade, em que se pode ver que uma zona ajardinada está, agora, no local onde a circulação rodoviária no túnel era feita a céu aberto. Os problemas de circulação começam a partir da zona do Theatro Circo, onde as obras no edifício dos antigos “Correios” para a construção de um centro comercial, se devem prolongar ainda por muitos meses (ver fotoreportagem aqui ou através do menu Multimédia).

Quando a obra começou, no final do Verão de 2008, foi distribuída uma comunicação do presidente da Câmara, Mesquita Machado, em que este solicitava a colaboração e agradecia a compreensão para os incómodos da obra e marcava encontro, “para breve”, já com a obra concluída, “na nova praça em frente ao Theatro Circo ”. Mesmo assim, os transeuntes e quem trabalha no local sublinham os transtornos, embora pareçam esquecer as queixas, se a inauguração do espaço ocorrer a tempo do próximo São João (ver inquérito de rua em Multimédia ou aqui).

O prolongamento do túnel
A Câmara de Braga optou por identificar quatro áreas específicas para a realização da obra. A intervenção compreende, assim, a requalificação parcial da superfície da Praça da República (zona 1); o prolongamento do túnel e requalificação de superfície da Av. da Liberdade (zona 2); a requalificação de superfície do Largo João Penha (zona 3); e a renovação urbana de parte da Rua 25 de Abril (zona 4).

Quanto à requalificação parcial da Praça da República, ela consiste no prolongamento do espaço, através da reformulação da zona ajardinada, do alargamento/reposicionamento da escadaria existente e da reformulação de pavimentos.

Segundo nota da autarquia, o prolongamento do túnel e a requalificação de superfície da Av. da Liberdade “consubstancia-se numa extensão desta passagem desnivelada desde o topo norte da avenida, recolocando a sua saída a sul do cruzamento com a Rua do Raio” (pode aceder ao mapa aqui ou no menu Multimédia).

Disparidade de números
A disparidade de valores (cerca de 5 milhões de euros de diferença) levou a que a proposta vencedora fosse contestada por parte dos outros dois concorrentes.
A “Britalar” foi o concorrente que apresentou a empreitada com menor custo: 2,9 milhões de euros. Os argumentos dos outros concorrentes eram muito superiores: o consórcio “DST/ABB” propunha-se fazer a obra por 7,8 milhões de euros e o consórcio “Arlindo Correia e Filhos/Europa Ar-Lindo” por 7,9 milhões de euros.
Depois de estudada a contestação que as firmas preteridas no concurso interpuseram contra a empresa vencedora e de não se ter verificado qualquer irregularidade, foi confirmada a adjudicação.

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