terça-feira, 19 de maio de 2009

O novo hospital: Sete Fontes com polémica renovada

As polémicas em torno das Sete Fontes são recorrentes em Braga. De há muito que aquele complexo arquitectónico é preocupação das associações de defesa do património e do ambiente. A Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural (ASPA), por exemplo, tem feito ao longo dos anos um manancial de críticas à Câmara de Braga, por causa da deficiente preservação do monumento. Basta consultar o sítio na Internet da associação para se chegar a essa conclusão.

Em 1995, por exemplo, já reclamava a realização de um plano de pormenor urgente para o local, que permitisse "preservar e reabilitar todo o conjunto”.

Em Março deste ano, durante as obras de construção do novo hospital, regressou em força a polémica. Foram descobertos achados arqueológicos, nomeadamente vestígios de cerâmica, provavelmente da época romana. O arqueólogo que estava ao serviço da empresa construtora mandou parar as obras para verificá-los e acabou despedido.
Desde então, o assunto lidera as notícias sobre Braga na comunicação social nacional e envolve a sociedade civil bracarense.
Sande Lemos, arqueólogo e antigo presidente da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, evidenciava na altura a sua preocupação, sustentando que “abaixo do sub-estrato não sabemos se há galerias romanas que, a existirem, serão destruídas, com as máquinas a circular constantemente".

Entende que a Câmara de Braga deveria promover escavações prévias à execução do projecto para a área envolvente do complexo. Prevê que no local podem vir a ser encontrados achados arqueológicos da época romana e exige um estudo imediato do local. Colocado perante esta eventualidade, o vice-presidente da Câmara de Braga, Nuno Alpoim, sustenta que “futurologia em arqueologia dá maus resultados”.
O vereador vai mais longe e afirma que o sistema hidráulico das Sete Fontes só existe hoje, “porque foi preservado pela Câmara ao longo dos anos”, pelo que “nada do que lá está pode ser tocado”.

Opinião bem diferente tem Ricardo Silva, que destaca a possibilidade de a Câmara de Braga estar a ser mal informada acerca do complexo das Sete Fontes: “Não devem conhecer o terreno e deve ser por isso que há este desfasamento em termos de políticas para o espaço”. Acusa o Município de se recusar a receber a instituição que representa, não obstante o vice-presidente afirmar que a edilidade “está sempre aberta ao diálogo”.

Também em Março, Miguel Bandeira, membro da ASPA e docente na Universidade do Minho, escreveu um texto no “Jornal Académico (ver menu Opinião, ou aqui), em que criticava violentamente a Câmara de Braga: “Que sentido tem ensinar aos nossos estudantes as referências do desenvolvimento sustentado, que concilia o progresso (o novo hospital) com a preservação da memória de um povo (o património das Sete Fontes), quando as obras do hospital parecem estar somente preocupadas com os lucros do dono da obra?!”.

Veja a polémica em vídeo aqui ou no menu Multimédia.

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